4 de setembro de 2015

Agradecer: dia 1

Desliguei o facebook. A conta pessoal. Sinto muitas vezes que a minha maneira de ser, de pensar e de sentir são diferentes da maioria das pessoas. A minha mente é compartimentada e o espaço disponível é limitado. Vejo-a com caixas, gavetas, prateleiras. Se libertar o espaço que o pasmar na internet durante cinco minutos (duas horas?) ocupava, o que é que acontece?
Perguntei-me para onde olharia eu se parasse de olhar para o monitor deste computador ao longo do dia. Se simplesmente pusesse música ou uma palestra ou um comediante a falar. O facebook anestesia-me da mesma maneira que um chocolate me anestesia. Na quantidade certa é um prazer. Para além do prazer é tentar preencher um vazio que coisa nenhuma preenche. E eu andava a ficar pegajosamente colada ao facebook, sobretudo nos momentos de maior frustração, nervos, aborrecimento, medo. Distrair-me o mais possível do problema, em vez de o resolver.
Desligar-me do facebook é parar e olhar à volta. Peguei num espelhinho e vi as minhas sobrancelhas por depilar. E o cabelo por pintar. Depois desses assuntos resolvidos a minha mente esvaziada cheira menos a mofo e há mais luz. Há espaço para pensar no próximo livro. Há espaço e energia para fazer yoga. Há nitidez porque há menos pó no ar.
Uma das minhas resoluções de ano novo era agradecer (por escrito) todos os dias. É Setembro e ainda não o tinha feito. Nem mesmo no facebook.

Dia 1.
A Cila ligou-me. Contou-me dela e eu contei-lhe de mim. Falou com o Diogo no alta-voz. Rimo-nos. Trocámos declarações de amor antes de desligar.

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