6 de junho de 2007

ainda não...




... mas quase.

Hoje, de volta da bonecada inspirada nesta e da paisagem inspirada nesta, senti um cansaço (não físico, que a esse já nem ligo) que me pôs a pensar. Senti que está na altura de o meu trabalho mudar. Mudar em termos de imagem e mudar em termos de orçamento. Na maioria das vezes o trabalho sai exactamente como eu o imaginei. Nunca me surpreende. E felizmente nunca tive um cliente insatisfeito. Acabam todos de olhos brilhantes a dizer que está maravilhoso, que ainda é mais bonito do que nas fotografias e no fim pagam de sorriso na cara. É muito bom.

As minhas pinturas em parede têm preço de artesanato (a arte dos pobres, uuuuuuui a discussão e o preconceito que isto envolve) mas o processo é artístico. Acho que este meu desconfortozito tem muito a ver com a falta de tempo. O tempo que me foge e atrás do qual eu corro desesperadamente por umas horas de descanso. Tempo que se tornou demasiado precioso.
Eu não cobro um cêntimo pelos desenhos e orçamentos. E já perdi a conta aos clientes muito interessados (praticamente decididos) que nunca mais me disseram nada. Nada. É certo que eu fico com os projectos para mim e com as ideias já no papel, prontas para outra parede, quem sabe. Mas as horas de recolha de imagens, consulta de livros e concepção de várias soluções para a mesma parede em desenhos, aguarelas, recortes e colagens ninguém me paga. Daí me parecer justo (agora que o tempo não me sobra e a ideia de projectar uma pintura para depois não a fazer me parece uma perda de tempo) começar a cobrar pelo trabalho tido nos desenhos e projectos. Ehehe agora que penso nisso, tenho de cobrar antes de o cliente fugir. Que horror.
De resto, parece-me bem manter o preço (orgulho-me de já ter pintado para pessoas que não nadam em dinheiro; pessoas que amealharam para decorar o quarto do filho e que em vez de uma mobília nova, compram uma das minhas pinturas), parece-me bem deixar os clientes totalmente à vontade para criticar e pedir uma alteração ali ou acolá. Parece-me bem trabalhar aos fins-de-semana e feriados, almoçar pão com queijo sentada no chão e deixar que os meninos vejam a pintura, interrompendo-me e distraindo-me (ai o dono deste quarto é a coisa mais fofa do mundo e ri-se e palra, de fralda de um lado para o outro e vem ao meu colo e eu faço-lhe cócegas e dou-lhe beijos).

Em termos de imagem, preciso de fazer qualquer coisa. Tornou-se tão mecânico fazer a composição, desenhar os bonecos e escolher as cores (tornou-se muito fácil, demasiado fácil) que preciso de fazer qualquer coisa nova. Um registo novo tal como o dos olhudos mas desta vez que me surpreenda a mim. Preciso de uns bonecos que não tenham as minhas mãos e as pernas do modelo de Desenho e Figura Humana da faculdade. Preciso de paisagens mais elaboradas, de cores mais fora do comum. Preciso de inovar. Por ser minha patroa e minha funcionária, tenho de tratar eu deste assunto.

5 comentários:

Anónimo disse...

tenho mt mt orgulho em ti.

es o meu amor.

saudades

Anónimo disse...

É óptimo mudar de quando em vez :)

Reticências... disse...

Fico curiosa com o projecto dessa mudança...mas eles são tão lindos assim mesmo!!

Anónimo disse...

:) concordo contigo. temos de estar sempre a inovar, a crescer, a deafiarmo-nos ;)

Anónimo disse...

oi, quanto tu cobraria pra fazer o desenho de uma rua de salvador em uma parede de +ou- 8m quadrador?
vlw
reponde no orkut por favor =D
http://www.orkut.com/Scrapbook.aspx